O quilo da carne bovina ficou quase 7% mais caro no mês de novembro, em Belém. Entre os cortes que sofreram o reajuste estão coxão mole ou chã, cabeça de lombo e a paulista. A alta está relacionada à oferta reduzida de boi para abate e grande demanda interna e externa por carne. Enquanto isso, os consumidores da capital paraense têm aderido a alternativas mais acessíveis para manter o consumo de proteínas.

De acordo com uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), a trajetória dos preços do quilo do coxão mole, cabeça de lombo e paulista foi o seguinte: em novembro de 2023, a proteína foi comercializada em média a R$36,39, enquanto em dezembro estava a R$36,51. Já em janeiro de 2024, a carne estava a R$37,12; em outubro foi comercializada por R$36,70; e no mês passado foi encontrada a R$39,11, com nova alta de preço.

Segundo o levantamento, o valor de uma diária de trabalho, calculada em R$47, com base no salário mínimo de R$1.412, não garante nem mesmo dois quilos de carne. A população belenense tem encarado preços mais altos nos açougues, mercados, feiras livres e supermercados da capital.

Para manter o consumo semanal da carne, os trabalhadores têm que ser criativos, alternando o preparo dessa proteína a outras, como frango e peixe, além de adicionar verduras e legumes. Por isso, em geral, a despesa mensal é alta e o consumo bastante reduzido.

A alta no preço da carne, inclusive dos cortes mais baratos, tem comprometido grande parte do orçamento mensal de Maria Bernadete. Para comprar a proteína, ela pesquisa bastante por açougues onde a carne está mais em conta, já que nos supermercados a diferença de preço é significativa, diz ela.

O jeito é procurar por açougues que estejam mais em conta porque em supermercado a carne está muito mais cara. O que eu percebi é que a agulha e a pá eram carnes mais baratas, mas agora estão saindo a R$25 o quilo, para mim sai bastante caro. O jeito é encontrar um lugar que tenha um preço mais acessível ou comer outras carnes, como frango, que eu como muito, peixe ou ainda fazer picadinho com bastante legumes, que ainda é a carne mais em conta”, relata a dona de casa, de 56 anos.

“Os preços estão muito caros”, reitera a cozinheira Maria Helena, de 69 anos. Para se alimentar de proteínas, ela consome muito mais peixe, frango, charque com verduras, além de bastante ovo. “A gente só encontra carne mais barata próximo de feira, mas não é uma carne bonita, cheirosa. Tenho que comprar porque meu dinheiro é pouco, não encontro carne boa em conta e eu preciso me alimentar. Agora eu costumo comprar a peça de pá com osso, mas até mesmo o picadinho já não está mais barato. Aquele bom, bonito, só a carne, sem nervo tá de R$35 o quilo para cima”, afirma.

Sem alternativa, os preços mais altos têm pesado no bolso de Alcione Valente, de 33 anos. Para ela, a saída é comprometer mais uma parcela do salário. “Tudo aumentou, até a agulha que a gente comprava porque era mais barato agora tá cara. A gente só não compra menos porque tenho uma filha que precisa comer carne. Mas tá complicado essa situação, pesa muito no final do mês porque a gente tem que gastar mais mesmo, não tem outra saída”, disse a dona de casa.

População belenense tem encarado preços mais altos  para consumir carnes
📷 População belenense tem encarado preços mais altos para consumir carnes |(Mauro Ângelo / Diário do Pará)

6,57%

A trajetória dos preços demonstra que a carne bovina teve um reajuste de 6,57% em novembro em relação ao mês anterior. Apesar de alguns meses de queda, o preço médio do alimento ainda continua elevado, com alta de 7,12%. No comparativo entre novembro de 2023 e 2024, alta acumulada é de 7,47%.

R$176,00

Conforme a análise do Dieese-PA, o trabalhador que recebe um salário mínimo gastou cerca de R$176,00 para adquirir cerca de 4,5 quilos da carne bovina, comprometendo cerca de 13,48% do orçamento atual. Para obter esta quantidade de proteína foi preciso trabalhar 27 horas e 25 minutos.